quarta-feira, 23 de maio de 2007

DESTA VEZ TEM RAZÃO


O ex-presidente da Câmara de Lisboa, Carmona Rodrigues, criticou hoje a opção de construir o novo aeroporto na Ota, que considerou «um erro» e atribuiu a uma «teimosia do Governo baseada numa pressa que está por explicar»

Numa intervenção durante a apresentação do livro «O Erro da Ota e o Futuro de Portugal», que reúne depoimentos de 22 personalidades de vários sectores da política e da sociedade civil, no Palácio Municipal das Galveias, Carmona Rodrigues elencou argumentos como a localização, os custos, o financiamento e as questões ambientais para concluir que «a Ota é um erro».
O ex-autarca começou por criticar o anúncio da decisão do Governo de José Sócrates de construir o futuro aeroporto na Ota, dias antes da sua tomada de posse como presidente da Câmara de Lisboa, em Outubro de 2005, «sem ter sido auscultada a autarquia nem a Junta Metropolitana de Lisboa».

«Hoje, dados os avanços entretanto conhecidos deste Governo, com um sentido fortíssimo de centralização e aniquilação das vontades das autarquias, já não estranho isso», afirmou.
Na opinião do ex-presidente da autarquia da capital, a decisão, que considera «má para a Lisboa e para o país», não está «suficientemente nem justificada aos olhos de todos».

«Não podemos embarcar em aventuras que se tornam desnecessárias, supérfluas ou exageradamente caras. Há espaço e tempo para reflectir. A pressa sempre foi má conselheira», sustentou.

Carmona sublinhou que o novo aeroporto ficará situado a cerca de 50 quilómetros da capital, «fora da Área Metropolitana de Lisboa», uma situação com «muitos efeitos negativos», por colocar a capital numa situação «ainda mais periférica e excêntrica» em relação ao centro da Europa a 27. «Se tornarmos Lisboa mais distante, mais inacessível, estamos a perder competitividade», referiu. Sobre a localização, Carmona Rodrigues questionou «porque é que um sítio tão mau está a ser insistentemente referido?», adiantando que os 50 milhões de metros cúbicos necessários para realizar um aterro na Ota implicarão a passagem de camiões de 20 toneladas de areia «de dez em dez segundos durante três anos», além de implicar a construção de 2.000 quilómetros de estacas, uma distância superior à que separa Lisboa de Barcelona, exemplificou.

«É uma obra faraónica, cara e complicada do ponto de vista da execução», disse, frisando que estão em causa dinheiros públicos e os cidadãos «têm o dever de responsabilizar o Estado pela sua utilização».

«É preciso saber se é necessário vender os anéis, como a ANA, entidade que gere os aeroportos, e até a TAP. A questão da competitividade com Espanha não se coloca se a ANA for comprada por espanhóis? E a TAP, a grande embaixadora? Seria TAP/Air Spain?», questionou. O ex-presidente encomendou um estudo sobre as vantagens e desvantagens da Ota e das alternativas àquele projecto, que está a ser coordenado pelo especialista em transportes José Manuel Viegas, e deverá ser conhecido em Junho, revelou Carmona Rodrigues à Lusa.
Fonte: Sol

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